2005/11/26

 

Educação sexual Consultas acessíveis nas escolas

Proposta Especialistas defendem, em relatório pedido pelo Ministério da Educação, uma abordagem à luz da prevenção, saúde e cidadania Matéria será obrigatória, mas não uma disciplina 

Eduarda Ferreira

O educação sexual nas escolas deve ser feita numa perspectiva de educação para a saúde e de forma integrada com outras áreas curriculares não disciplinares, tendo carácter obrigatório. É este o parecer dado pelo Grupo de Trabalho para a Educação Sexual em Meio Escolar (GTES), que ontem divulgou o seu relatório preliminar. Presidido pelo psiquiatra Daniel Sampaio, o referido grupo recomenda ainda uma colaboração mais estreita entre centros de saúde e escolas, preconizando para estas a criação de gabinetes onde alunos do Secundário possam, "de forma privada, expressar as suas dúvidas e angústias".

Parcerias das escolas com os centros de saúde são consideradas essenciais pelo GTES, que aconselha ainda o recurso a jovens que frequentem Medicina, Psicologia ou Enfermagem como interlocutores dos alunos do Secundário. "Eles são excelentes agentes de prevenção, pela proximidade geracional", garante Daniel Sampaio. Nesta linha de proximidade, é recomendada ainda a criação de gabinetes de atendimento a alunos, a garantir pelo centro de saúde que serve cada comunidade. É convicção dos especialistas que integram o grupo que os alunos não recorrem aos serviços formais de saúde para marcar uma consulta e falar sobre as suas dúvidas e angústias. "Os ministérios da Educação e da Saúde têm de se entender", aconselha Daniel Sampaio, a propósito das garantias de funcionamento de tais gabinetes, comum médico, psicólogo ou enfermeiro.

Não deve haver a disciplina Educação Sexual, defende este grupo de nomeação ministerial (em Junho passado). Isso não significa que a matéria seja ignorada, mas sim que a abordagem seja feita a par de outras matérias visando educar para a saúde, integrando áreas como "Formação Cívica", "Estudo Acompanhado" ou "Opção de Escola".

Daniel Sampaio justificou esta opção referindo estudos sobre comportamentos de risco, que tendem a agravar-se. Consumos de tabaco, álcool e drogas, comportamentos sexuais de risco, obesidade crescente entre crianças, tudo isso deve ser alvo de abordagens preventivas. Tal poderá ser feito em conteúdos e actividades escolares que vão da promoção de cuidados de higiene a práticas de cidadania, educação para a igualdade, participação na família ou relações interpessoais.



O Grupo de Trabalho para a Educação Sexual em Meio Escolar admite ser possível, já em Janeiro, pôr em prática, em diversas escolas, esta nova dinâmica curricular. A convicção decorre do contacto com uma dezena de estabelecimentos, durante a preparação do relatório ontem divulgado. Foram ouvidas as experiências de pais e professores e o GTES concluiu haver muita motivação, ainda que fosse apontada a necessidade de formação dos professores.

Se a ministra da Educação der luz verde às linhas preconizadas, o GTES diz-se disponível para dar aconselhamento às escolas por via telefónica ou correio electrónico, até Maio de 2006. O relatório pode ser lido no endereço do Ministério da Educação e vai estar em discussão pública durante os próximos 15 dias.


Professores e escolas serão acompanhados

Números

8,8%

De desprotegidos foram referenciados num estudo feito em 2004 junto de alunos com 15 anos, por não terem usado preservativo na sua última relação sexual.

11,7% dos alunos tinham admitido a prática de relações sexuais sob o efeito de álcool ou drogas.

12,5% dos inquiridos confessaram ter consumido drogas no mês que antecedeu o inquérito.

19,4%

dos jovens já tinham experimentado haxixe.

24,3%

consumidores de álcool disseram que já se tinha embriagado duas ou mais vezes.

32,2%

de fumadores habituais foram referenciados no decurso do inquérito.


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