2005/12/05

 

Alunos chamam a si a tarefa de resolver os problemas

Escola da Ponte O castigo é ficar a reflectir
malacó
Assembleia de escola com alunos do 1º e 2º ciclos mau comportamento resolve-se entre eles



Se não fosse um exagero, diríamos que a disciplina lhes corre nas veias. Mas, claro está, as crianças são iguais em todo o lado, e encontrar um recreio escolar livre de zaragatas é tão provável quanto a mesma pessoa ganhar a lotaria duas vezes. Possível, isso sim, é haver formas diferentes de entender e resolver esse tipo de problemas, como acontece na Escola da Ponte, em Santo Tirso. Ali, são os alunos a debater os seus comportamentos e só em último caso recorrem à intervenção dos adultos.

Sexta-feira, 15 horas. Por imperativos de espaço, é no vizinho cinema de Vila das Aves que decorrem as semanais assembleias da escola, em que, sempre que se justifique, os casos de indisciplina integram a ordem de trabalhos. Na última, os miúdos discutiram as confusões que se passaram num qualquer intervalo. A comissão de ajuda, que tem assento na mesa da assembleia, registou as sugestões para, depois, tomar uma decisão - que é ajudar tanto os queixosos como os indisciplinados.

Dito assim, pode soar a coisa de gente grande. E, na verdade, é. Com a diferença de que os professores e os funcionários apenas são recurso quando os alunos não conseguem, sozinhos, solucionar os problemas por eles criados - por exemplo, uma bulha mais complicada. Outra das características deste método é que os protagonistas de maus comportamentos ficam sem intervalo e passam esse tempo a reflectir sobre o sucedido. Ora escrevendo, ora falando com os colegas. É este o "castigo".

"Na maior parte das vezes, os alunos conseguem resolver as coisas entre eles. Quando são coisas mais sérias, temos de avisar os professores", diz Mário Rui, de dez anos. Para este membro da comissão de ajuda, o esquema da Escola da Ponte "faz com que a disciplina melhore". E dá como exemplo os casos de meninos que foram ali parar, após expulsões por mau comportamento, e que conseguem manter-se na escola.

Desrespeito e desobediência são as situações mais corriqueiras. Entre as mais sérias, Mário Rui aponta o "fechar as pessoas na casa de banho". Mera brincadeira? "É brincadeira, só que fazem aquilo por gosto ou porque se querem vingar", conclui.

Presidente da mesa da assembleia desde o início do ano lectivo, Sara Rocha não vê no castigo um verdadeiro castigo "Reflectimos sobre o que fizemos e damos propostas para melhorar o nosso comportamento. E funciona". Pela forma como conduziu a assembleia, Sara era o exemplo da disciplina em permanência.

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