2006/05/09

 

Estudo: "Quanto mais me bates, mais eu (não) gosto de ti"

A violência verbal é das mais utilizadas

Um estudo sobre experiências de violência em relações afectivas junto de jovens entre os 15 e os 24 anos apurou a existência um padrão de agressões mútuas, sobretudo de carácter verbal e emocional.

"O número de agressões sofridas é, muitas vezes, idêntico ao de agressões relatadas, sendo as mais comuns pertencentes ao campo da violência verbal e emocional", referem as conclusões da investigação, hoje apresentada em Évora e desenvolvida pela delegação do Alentejo da Associação para o Planeamento da Família (APF).

"Quanto mais me bates, mais eu (não) gosto de ti" é o nome do estudo, co-financiado pela Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres e desenvolvido em cinco regiões do país pelo psicólogo Nelson Rodrigues, desde Maio de 2005.

A investigação compreendeu 596 questionários junto de jovens dos 15 aos 24 anos, em meio escolar, no Alentejo, no Algarve, em Lisboa e Vale do Tejo, no Centro e no Norte.

A amostra, porém, "não pode ser considerada representativa" da população nacional, visto que o número de questionários aplicado em Lisboa e Vale do Tejo foi "inferior ao das outras regiões", realça o psicólogo.

Em termos das agressões, as maiores percentagens de respostas assinaladas positivamente revelaram-se na violência verbal e emocional, a que ocorre quando o parceiro, na intimidade ou perante terceiros, insulta, ridiculariza ou faz o outro sentir que não faz nada bem.

Por exemplo, 76,7% dos inquiridos puxaram à conversa algo de mau que o companheiro ou a companheira tivessem feito no passado, tendo 74,6% falado em tom hostil ou ofensivo.

Um total de 30,8% admitiu ter insultado o/a companheiro/a e 10,4% gozaram ou ridicularizaram, diante de outros, a pessoa com quem mantinham uma relação.

Quanto à violência sexual, considerando os contactos de índole sexual não consentidos, de acordo com os dados do psicólogo, o estudo apurou que 33,3% dos inquiridos referem ter cometido determinadas acções quando a "cara metade" não o desejava.

Pouco mais de 1% refere "já ter forçado o parceiro a praticar relações sexuais", sem o seu consentimento, referiu Nelson Rodrigues, acrescentando ainda que "28,5% já foram beijados" também quando não o desejavam.

Na violência relacional (lesar uma pessoa através do engano ou manipulação das suas relações sociais), as percentagens de respostas positivas são mais baixas, com 4,7% dos inquiridos (o valor mais alto) a admitir já terem tentado virar os amigos do seu companheiro/companheira contra este/esta.

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