2006/05/14

 

Pais aprendem a falar com os filhos sobre sexo

Sessões decorrem à noite e são dirigidas, sobretudo, a moradores das zonas rurais do concelho

Responder às questões das crianças "na idade dos porquês" não é, como se sabe, das tarefas mais fáceis com que os pais se deparam diariamente. E, independentemente da idade dos progenitores, as dificuldades aumentam quando as perguntas dos filhos se relacionam com a sexualidade.

Ana Sofia Carvalho, de 28 anos, sentiu na pele este tipo de "atrapalhação" quando a pequena Cátia Sofia a questionou sobre a sua origem. A mãe optou pela inevitável "história da cegonha que veio de França", mas logo se deu conta que esta versão "não pegava" por muito tempo.

"Quando vi aqueles olhinhos, de 6 anos, a brilharem enquanto me perguntava como é que tinha nascido e como é que tinha sido concebida, não soube que dizer. Apeteceu-me chorar, rir e fugir. Pensamos sempre que só acontece aos outros", confidenciou, ao JN, esta jovem mãe. Esta moradora na localidade rural de Vale do Brejo, em Aveiras de Cima (Azambuja), e o companheiro, Armando Carvalho, de 32 anos, integram um dos oito casais que se inscreveram em mais uma edição da "Escola para Pais". A iniciativa surgiu da solicitação da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Vale Aveiras e conta com o apoio da Câmara Municipal de Azambuja.

As sessões - que decorrem em Vale do Brejo e Vale do Paraíso até ao final do ano lectivo - contam com a participação de técnicos do Plano Municipal de Prevenção Primária das Toxicodependências, a par de outros convidados, e abordam temáticas diversas como "regras", "birras", ou "ser pai", além, claro, da vida sexual.

"O meu filho chegou a casa, depois de ter abordado na escola o tema da sexualidade e quis logo confrontar-me com alguns termos sexuais, dos quais sempre pensei que só falaria quando tivesse 11 ou 12 anos", relembra Lígia Vidais, mãe do pequeno José.

E foi para ajudar os pais perante estes desafios que surgiu a ideia de integrar o tema da sexualidade na iniciativa. A boa adesão dos progenitores deixa perceber que o objectivo foi atingido.

Paulo Louro, coordenador da aula, explica que actualmente as crianças vivem na "Geração dos Morangos com Açúcar". "Estão sempre a testar-nos. E à mínima desatenção da nossa parte, aproveitam para aplicarem aquilo que querem ou que viram", sublinha.

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